Na última quarta-feira (20/08/2008) os estudantes da Universidade Federal da Bahia saíram em passeata pelas principais vias do centro da cidade, uma manifestação como há muito tempo não se via aqui na UFBA. Gritos calorosos de “SEGURANÇA SIM, VIOLENCIA NÃO” soavam pelas ruas onde passavam, amofinando a muitos e tocando os corações de outros pela causa.
Estudantes de varias unidades da UFBA partiram do Vale do Canela em direção a Reitoria, no bairro do Canela, para participar de uma assembléia geral, onde estariam reivindicando segurança para a Universidade, uma bandeira que não é nova, só que infelizmente algo trágico precisa acontecer para que ela seja lembrada fortemente pela comunidade acadêmica. Uma estudante do 6º semestre de dança sofreu abusos sexuais, no dia 19/08/2008, por volta das 9 horas da manhã, em um matagal próximo ao Pavilhão de Aulas da Federação (PAF), em Ondina. Foram setenta e cinco angustiantes minutos de tortura sob a mira de um revólver.
Um crime bárbaro, que revoltou toda a sociedade e principalmente nós mulheres, alunas da UFBA, que além de viver no angustiante medo dos assaltos que ocorre dentro e fora dos campos da Universidade, onde as vítimas geralmente são mulheres, sofremos com o pânico de ter que passar por uma situação de abuso sexual.
Isso é reflexo da violência que alastra toda a sociedade, Salvador vem atravessando nos últimos anos uma onda de selvageria, assaltos freqüentes, matanças, estamos tendo toque de recolher em alguns bairros. Já não basta à brutalidade em que vivemos: a pobreza, o preconceito; uma sociedade extremamente cruel com o ser humano. Agora vivemos a era da carnificina, onde matar virou banalidade.
“Eu, sou estudante eu sou, eu quero estudar, mas com violência não vai dá. Vamos Lutar!” É histórica a luta e as conquistas dos estudantes no nosso país, quando realmente abraçam a causa e vão à luta, eles são fortes e guerreiros. Antes lutávamos com a força da união, com o desejo real por uma sociedade justa, igualitária (não de iguais, mas de igualdade de oportunidade), hoje eu vejo presente, infelizmente, o forte individualismo, marcado pelo capitalismo, onde a luta se inicia e se exaure tão rapidamente.
Fui andando na rua em meio a multidão, participando de coração da passeata, me sentindo estudante, cidadã de fato, indignada com o acontecido e com os acontecimentos de violência freqüente dentro da minha Universidade, querendo contribuir para que a mudança ocorra, mas um pouco cansada de começar uma luta e depois vê-la morrer sem conquista significativa, pessimismo meu? Pode ser.
“ESTUDANTES NA RUA, A LUTA CONTINUA” - Será????????
